Até hoje, muita gente acha que o Yoga somente pode ser praticado por pessoas jovens, lindas, esbeltas, longilíneas, saradas, flexíveis, calmas, espiritualizadas, conectadas com a natureza, que não comem carne e nem bebem álcool, dormem cedo e abdicam de sua vida social.
Esse estereótipo foi "criado" por alguns professores pioneiros do Yoga no Brasil e infelizmente se perpetua até os dias de hoje. Esse estilo de vida aspiracional popularizou o Yoga e atraiu dezenas de adeptos, mas afastou outros tantos.
Não ter alguma ou nenhuma dessas características não impossibilita que você se torne um praticante ou instrutor de Yoga. Pelo contrário, muitas delas vão aparecendo gradualmente e naturalmente, conforme você vai praticando, conhecendo a filosofia do Yoga, estudando, se aprofundando e inserindo o Yoga no seu dia a dia, na sua forma de pensar, de agir e interagir.
Meus alunos comentam que gostam de praticar Yoga comigo porque eu sou uma yogini normal, real, possível, falível: não pratico apenas os asanas que consigo executar com perfeição, não imponho regras e apenas incentivo práticas saudáveis desde que o aluno se mostre aberto, tenho momentos de raiva ou mal humor, não abandonei minha vida social, durmo tarde eventualmente e como carne quando tenho vontade. Enfim, costumo dizer aos meus alunos que yogi/yogini come, bebe, xinga, namora como qualquer ser humano normal. O importante é ter o Yoga dentro de você e não fora para atrair alunos ou impressionar nas redes sociais.
Enfim todos nós, praticantes ou instrutores, temos um longo caminho de conscientização, reconstrução e inclusão pela frente: desmistificar o Yoga e a imagem do praticante perfeito, e principalmente levar o Yoga a todos, sem distinção de gênero, idade, tipo físico, raça, classe social ou escolaridade!
Gisele Camba
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